“Ao tratar um indivíduo como se ele
fosse doente, os médicos encorajam-no a sentir-se doente e não sadio. Cada dia
de internação e de tratamento a mais, visando tornar mais rápido o
restabelecimento, ao invés disso reforça o papel de doente e mantém os
sintomas.” (LANDMANN, 1983: 71)
“Ciência e propaganda deveriam
excluir-se mutuamente porque, enquanto a primeira deve fazer apenas análise
criteriosa e científica dos dados, a segunda usa os dados de acordo com a luz
mais favorável á apresentação do produto.” (LANDMANN, 1983: 110)
“A utilização de serviços de alta
tecnologia, muitos deles inúteis, em geral na área privada, e todos custeados
pelo poder público, se faz à custa da transferência de recursos que poderiam
melhorar a saúde de grande faixa da população, em benefício de uma minoria.” (LANDMANN,
1983: 142-143)
“Todo o sistema do seguro-saúde
está em contradição com a concepção filosófica da saúde como direito de todos.
Se a saúde é um direito, o dinheiro não pode ser considerado condição essencial
para sua obtenção ou condição para discriminar o tratamento recebido. Através
do sistema de seguro-saúde, reforçamos a base capitalista dessa discriminação. (LANDMANN,
1983: 156)
“Os conselhos regionais e nacionais
das diferentes profissões (médicos, enfermeiros etc.), dizendo-se protetores do
público contra os maus profissionais, na realidade são responsáveis pelo
registro dos profissionais (os não-registrados não podem exercer a profissão),
pela manutenção da ética e pelo julgamento da prática profissional, além de
serem os únicos organismos que podem cassar o exercício profissional de membros
da categoria. Atuam no sentido de fortalecer o monopólio profissional, eliminar
a competição externa e controlar o exercício da profissão em moldes por ele
traçados.” (LANDMANN, 1983: 166)
“Nosso país, bem como os países
desenvolvidos, em desenvolvimento ou subdesenvolvidos, ou mesmo os países
miseráveis atravessando grave crise econômica e fiscal, desvia recursos
substanciais e cada vez maiores para práticas de medicina que, apesar do alarde
feito, na realidade servem mais ao complexo médico-industrial do que à
população. O caminho para a saúde não está na medicina.” (LANDMANN, 1983: 180)
“O declínio da mortalidade por
doenças infecciosas não se deve à redução da exposição dos seres humanos aos
micróbios e vírus responsáveis, nem aos antibióticos, nem as vacinas. (...) O
declínio é conseqüência da melhoria do estado geral, da melhoria das condições
de defesa do organismo através de uma nutrição melhor.” (LANDMANN, 1983:
184)
“Os agentes quimioterapêuticos, os
antibióticos e as novas e mais poderosas vacinas concorreram de algum modo para
diminuir a mortalidade e a morbidade nas doenças infecciosas, mas, de maneira
geral, essas medidas, estatisticamente, têm pouca significação na redução da
mortalidade, sendo muito menos poderosas que as outras influências. A medicina
pouco contribuiu para reduzir a mortalidade e as contribuições que ela trouxe,
em grande parte, foram anuladas pelas doenças iatrogênicas por ela acarretadas.”
(LANDMANN, 1983: 230)
“Estudos feitos nos Estados Unidos
mostraram que cada criança americana, entre cinco e 15 anos de idade, vê na
televisão o assassinato de 13 mil pessoas, com impacto persuasivo contra todos
os valores morais e éticos.” (LANDMANN, 1983: 297) Brown, L. New godfather – part of TV film ideal. The
New York Times, 10 de julho de 1975