segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Medicina e Impunidade – Nelson Senise

“Precisamos do doente para sobreviver e principalmente para aprender. Sem doentes não há médicos. E os jovens de hoje – com generosas exceções – esqueceram, por não conhecerem, que as doenças jamais existiram.” (SENISE, 1981: 19)

“A tendência para o conformismo tem sido uma constante na história da humanidade. (...) as multidões de tal maneira admitiram a passividade e a submissão que, na maioria dos casos, sua participação é a de mera paisagem, um cenário inerte diante do qual apenas alguns ousam pensar e discutir.” (SENISE, 1981: 87)

“No fundo, somos covardes e tememos a verdade, sempre que ela ameaça a nossa acomodação. Poucos ousam enfrentar as verdades que estão dentro de si e procuram esconder deles próprios. Somos impelidos a temer a verdade porque tememos a perda da nossa própria tranqüilidade. E tememos a própria solidão. Quando, na verdade, a solidão é uma ameaça, mas também uma libertação.” (SENISE, 1081: 130)

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2- Gata, eu não sou manteiga de cacau, Mas adoraria amaciar seus lábios.

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A Ética Médica sem Máscara

“O Código de Ética Médica, como todos os códigos médicos do mundo, constitui meio de repressão para obrigar os médicos a serem éticos em relação aos colegas. Mas a ética não pode ser imposta. É fundamentalmente uma concepção moral e, portanto, pessoal. Depende muito mais do médico do que dos órgãos de controle.” (LANDMANN, 1985: 36)

“Em 1977, David Makofsky estimou que 30.000 americanos morrem anualmente por prescrições errôneas e que 300.000 sofrem efeitos colaterais graves.” (LANDMANN, 1985: 44) Makofsky D. Malpractice and medicine. Society 14, 25, 1977

“A atitude ética não pode ser policiada, nem o policialismo ou a repressão podem obrigar alguém a ser ético. O policialismo, por ser negativo, não resultará em regeneração moral e esta só virá pela convicção de que o comportamento ético é desejável e admirado.” (LANDMANN, 1985: 56)

“Devemos dirigir a nossa atenção para os cuidados primários, mais baratos, mais eficientes e atingindo maior número de crianças e jovens, ou devemos ampliar nossos recursos em áreas tecnológicas que beneficiem apenas uma minoria privilegiada?” (LANDMANN, 1985: 73)


“Quando o paciente está gravemente enfermo, o senso de controle pessoal sobre seu próprio destino cede lugar à intensificação de sua dependência ao médico, e esta dependência resulta em menor atenção aos seus interesses e em concordância total com aquilo que lhe é proposto. Há uma deterioração física e intelectual que embota a capacidade de decisão e, portanto, distorce o significado do que chamamos consentimento voluntário.” (LANDMANN, 1985: 97) 

Evitando a Saúde e Promovendo a Doença

“A maneira de influenciar e aumentar a demanda é maximizar as necessidades médicas para as quais a droga é indicada. Por exemplo, se o fabricante produz um antibiótico específico para determinada doença, a demanda é uma. Mas este antibiótico tem “amplo espectro de indicações”, a demanda se torna bem maior. A indústria de drogas usou esta estratégia, com relativo sucesso, mesmo sabendo que as conseqüências poderiam ser trágicas.” (LANDMANN, 1982: 41)

“No mesmo dia, o eletrocardiograma pode alterar-se na dependência da atividade do indivíduo e de outros fatores que afetam a atividade cardíaca (inclusive, o biorritmo). Em casos provados de insuficiência coronariana, o eletrocardiograma xvideos hd pode fornecer resultados negativos e anomalias eletrocadiográficas são encontradas em pacientes normais. O próprio eletrocardiograma de esforço (feito antes e depois de sobrecargas predeterminada) tem valor limitado na detecção de insuficiência coronariana.” (LANDMANN, 1982: 61)

“Embora com o aumento do número de cirurgias, tenha havido uma redução do nível de mortalidade pós-cirúrgica, é bem possível que essa melhora, que aqui ocorre, sobretudo nos hospitais privados, seja uma conseqüência de operações feitas em pacientes sadios, que têm naturalmente uma evolução pós-operatória melhor.” (LANDMANN, 1982: 151)


“A chamada medicina científica ignora totalmente os contextos sociais e econômicos envolvidos na causação da doença e tira da organização social o ônus pela enfermidade; ignora, por exemplo, a grande incidência de doenças em nossa área rural, devida unicamente a condições miseráveis de existência, inclusive de ausência de medidas sanitárias elementares, como água corrente e esgoto; ignora os imensos bolsões de pobreza designados bolsões de desastre de áreas urbanas, onde a mortalidade e a morbidade por causas sociais removíveis é uma conseqüência não de medidas individuais ou falta de atendimento médico, mas da defasagem entre o custo de alimentação e habitação, e salários, pela constante exposição a situações propícias à instalação de doenças e pelo baixo nível educacional.” (LANDMANN, 1982: 159 – 160)

A Outra Face da Medicina: Um Estudo das Ideologias Médicas

“Os médicos jamais enfatizam os limites de seu conhecimento. Ao contrário, revestidos de seu poder, expresso no avental branco que vestem, fazem pronunciamentos dogmáticos, aceitam sua função apostólica e se tornam coniventes com a opinião geral de sua onipotência. (...) Contudo, até hoje, esse carisma aceito e reverenciado pelo povo é utilizado pela sociedade e pelos próprios médicos, não em beneficio da população que os reverencia, mas em defesa da estrutura social em que vivemos e dos poderes econômicos que nos dominam.” (LANDMANN, 1983: 18-19)

“Fome, miséria e subnutrição não são problemas que melhorem com medidas tecnológicas médicas ou que respondam a medidas médicas de prevenção. São uma conseqüência da iníqua distribuição de renda, da neocolonização de nossos países e da estrutura social em que vivemos.” (LANDAMANN, 1983: 103)

“A crença de que a doença pode ser controlada com drogas ou procedimentos técnicos não leva em conta a complexidade dos problemas humanos. Os grandes progressos em relação à saúde foram conquistados não por drogas ou procedimentos técnicos, mas por reformas sociais e econômicas.” (LANDMMAN, 1983: 142-143)

“Como no século passado, os problemas que enfrentamos na atualidade só serão resolvidos através de novas reformas sociais; mas essas reformas não interessam à estrutura do poder dominante. Não interessam aos que obtêm lucros com procedimentos que geram câncer ou que agravam as doenças cardiovasculares ou trazem miséria ao mundo em desenvolvimento.” (LANDMANN, 1983: 143)

“O médico racionaliza sua ação acreditando agir em benefício do paciente. Na verdade, esse procedimento é mais uma repressão social do que uma forma de assistência médica.” (LANDMANN, 1983: 173)

“Os direitos do indivíduo e a proteção que a lei lhe confere são retirados por ser ele estigmatizado como doente mental. Isso não difere das discriminações que no passado retiravam os mesmos direitos na base de considerações raciais ou religiosas.” (LANDMANN, 1983: 176)

“A posição social dos médicos os leva a resistir a qualquer reforma social que ameace sua estabilidade e a lutar para preservar a posição que ocupam, mesmo cooperando com os regimes mais opressores da dignidade humana.” (LANDMANN, 1983: 215)

“As pessoas atacadas, violadas e batidas – especialmente se por longo tempo – acabam com modificações de sua personalidade, admitindo uma posição submissa em relação às que a dominam. O oprimido adota as posições ideológicas e os valores do opressor.” (LANDMANN comentando estudo the future of na ilusion de Freud, 1983: 216)

“O monopólio do exercício profissional só foi possível pelo desenvolvimento da tecnologia, que fez com que a execução dos atos médicos fosse privativa de profissionais treinados.” (LANDMANN, 1983: 223)

“Uma das grandes ambições de qualquer médico é descrever uma nova doença ou uma nova síndrome que possa imortalizá-lo. O estudo da medicina é orientado no sentido de interpretar como doenças fenômenos até então não considerados como tais.” (LANDMANN, 1983: 247)

“Os dados objetivos que caracterizam o homossexualismo não se alteraram. O que se alterou foi o julgamento do médico. Isso sugere a existência de uma norma inquietante: a definição de doença não depende somente da existência de certos fatos; ela é condicionada ao julgamento desses fatos. E são os médicos que julgam. Eles têm o poder de definir quem é doente e quem é sadio.” (LANDMANN, 1983: 248)

“O estigma da doença pode inclusive perpetuá-la. Mendel e Rapoport citam o fato de que em hospitais psiquiátricos de Los Angeles a causa mais comum de admissão é a readmissão.” (LANDMANN, 1983: 253)

“Para Cohen e Uphoff, o envolvimento comunitário em ações de saúde é fictício. A participação assume apenas o caráter de implementação de recursos para cobrir a alocação insuficiente por parte do governo. (...) Servem como mão-de-obra gratuita ou explorada. (...) A participação consiste em seguir diretrizes que vem de cima. É aquiescência, e não participação.” (LANDMANN, 1983: 323-324)

“Para Paulo Freire, a participação comunitária só se concretizará através da conscientização do povo sobre as causas das doenças devidas à persistência das desigualdades gritantes nos campos econômico e político.” (LANDMANN, 1983: 325)

Medicina Não é Saúde: As Verdadeiras Causas da Doença e da Morte

“Ao tratar um indivíduo como se ele fosse doente, os médicos encorajam-no a sentir-se doente e não sadio. Cada dia de internação e de tratamento a mais, visando tornar mais rápido o restabelecimento, ao invés disso reforça o papel de doente e mantém os sintomas.” (LANDMANN, 1983: 71)

“Ciência e propaganda deveriam excluir-se mutuamente porque, enquanto a primeira deve fazer apenas análise criteriosa e científica dos dados, a segunda usa os dados de acordo com a luz mais favorável á apresentação do produto.” (LANDMANN, 1983: 110)

“A utilização de serviços de alta tecnologia, muitos deles inúteis, em geral na área privada, e todos custeados pelo poder público, se faz à custa da transferência de recursos que poderiam melhorar a saúde de grande faixa da população, em benefício de uma minoria.” (LANDMANN, 1983: 142-143)

“Todo o sistema do seguro-saúde está em contradição com a concepção filosófica da saúde como direito de todos. Se a saúde é um direito, o dinheiro não pode ser considerado condição essencial para sua obtenção ou condição para discriminar o tratamento recebido. Através do sistema de seguro-saúde, reforçamos a base capitalista dessa discriminação. (LANDMANN, 1983: 156)

“Os conselhos regionais e nacionais das diferentes profissões (médicos, enfermeiros etc.), dizendo-se protetores do público contra os maus profissionais, na realidade são responsáveis pelo registro dos profissionais (os não-registrados não podem exercer a profissão), pela manutenção da ética e pelo julgamento da prática profissional, além de serem os únicos organismos que podem cassar o exercício profissional de membros da categoria. Atuam no sentido de fortalecer o monopólio profissional, eliminar a competição externa e controlar o exercício da profissão em moldes por ele traçados.” (LANDMANN, 1983: 166)

“Nosso país, bem como os países desenvolvidos, em desenvolvimento ou subdesenvolvidos, ou mesmo os países miseráveis atravessando grave crise econômica e fiscal, desvia recursos substanciais e cada vez maiores para práticas de medicina que, apesar do alarde feito, na realidade servem mais ao complexo médico-industrial do que à população. O caminho para a saúde não está na medicina.” (LANDMANN, 1983: 180)

“O declínio da mortalidade por doenças infecciosas não se deve à redução da exposição dos seres humanos aos micróbios e vírus responsáveis, nem aos antibióticos, nem as vacinas. (...) O declínio é conseqüência da melhoria do estado geral, da melhoria das condições de defesa do organismo através de uma nutrição melhor.” (LANDMANN, 1983: 184)

“Os agentes quimioterapêuticos, os antibióticos e as novas e mais poderosas vacinas concorreram de algum modo para diminuir a mortalidade e a morbidade nas doenças infecciosas, mas, de maneira geral, essas medidas, estatisticamente, têm pouca significação na redução da mortalidade, sendo muito menos poderosas que as outras influências. A medicina pouco contribuiu para reduzir a mortalidade e as contribuições que ela trouxe, em grande parte, foram anuladas pelas doenças iatrogênicas por ela acarretadas.” (LANDMANN, 1983: 230)


“Estudos feitos nos Estados Unidos mostraram que cada criança americana, entre cinco e 15 anos de idade, vê na televisão o assassinato de 13 mil pessoas, com impacto persuasivo contra todos os valores morais e éticos.” (LANDMANN, 1983: 297) Brown, L. New godfather – part of TV film ideal. The New York Times, 10 de julho de 1975